quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O DISCURSO PARANÓICO









O discurso que pronunciou o presidente Obama, ao receber o Prêmio Nobel da Paz, distinção imerecida que ainda suscita reações que vão desde a hilaridade á indignação. Ele formula a doutrina da “Guerra Justa”, onde lamentavelmente demonstra desconhecer a doutrina de Santo Agostinho e São Tomás.

Obama defendeu que uma guerra só é justa se for empreendida como último recurso ou em defesa própria, isso se a força utilizada for proporcional e possivelmente manter os civis à margem da violência. Deste modo a versão sofreu uma nova adaptação e acabou imitando a teoria da “Guerra Infinita”, adotada pelos imperialistas norte-americanos e concebida pelo Bush Jr.

Obama fez uma acirrada defesa da guerra no Afeganistão e declarou que a guerra no Iraque estava próxima do fim. Pelo visto, a interminável sucessão de mortos, sobretudo de civis inocentes, que diariamente ocorrem nesse país, por culpa da ocupação norte-americana violando a cláusula da “Guerra Justa”. A proporção entre agredidos e agressores adquire dimensões astronômicas, se há alguém que não foi mantido à margem da fúria destrutiva das forças armadas dos Estados Unidos é a população civil.

O Terrorismo não desaparecerá da face da terra fazendo guerras. Obama citou no seu discurso uma passagem de Martin Luther King: “A violência nunca traz paz permanente. Não resolve nenhum problema social, só cria outros novos e mais complicados”. Em seguida argumentou que, como chefe de estado, juramentado para proteger e defender seu país, não pode guiar-se pelos ensinamentos de Martin Luther King ou de Mahatma Gandhi.

Esse discurso paranóico reaparece nos lábios do paladino do progressismo norte-americano, que sempre as ameaças são dos comunistas, do populismo, do narcotráfico, do fundamentalismo islâmico ou do terrorismo internacional. Essas são ameaças mais imaginárias que reais, são um ingrediente para justificar a ilimitada expansão das despesas militares e a enorme rentabilidade em torno do negócio da guerra.

O discurso decepcionante de Obama deveria ter sido capaz de elaborar um argumento pacifista se tivesse distanciado da tônica ideológica imposta pelo Bush, esse comportamento medíocre só colaborou para a desvalorização do prêmio Nobel da Paz. Tal como vão às coisas, as esperanças alimentadas por uma irracional “Obamamania” parecem hoje ilusórias e absurdas.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É...para mim foi um momento de grande decepção quando ele fez este discurso. Palavras invocando certas condições do neorealismo, tudo aquilo que criticavam no Bush Jr. Enfim, a esperança no Obama como o novo Mártir, sempre me deu algum receio...a esperança de muitos ao confiar o "futuro do mundo" a uma pessoa revela-se ou como uma grande ilusão ou um grande perigo, delegando a ele aquilo que seria o "interesse comum da humanidade". Se este interesse alguma vez existisse, certamente não seria o de alcançar a paz através de "Guerras Justas", elas nunca o são.

    Gosto muito de ler as coisas que escreve. Continua tá bem?
    És o vôtino informado e actualizado e tecnologicanizado ;) acompanhando o mundo, sem parar... Bjo bjos

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  3. Sr.Francisco Constantino Simão! Não sabia que tinha um BLOG....

    Você não dá mesmo trégua às injustiças!!!
    Força! VáLá! sabe que terá sempre o meu apoio!

    FilhotaSú

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