quarta-feira, 10 de março de 2010

PONTO FINAL AO PRECONCEITO


Demóstenes Torres, senador do DEM por Goiás, disse que o sistema escravista só existiu porque “a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América”. Intercalou em seu raciocínio um comovido “lamentavelmente”, para completar afirmando que os negros “não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos, mas chegaram”. Essa foi sua defesa, durante a audiência pública do Supremo Tribunal Federal realizada para defender o sistema de cotas raciais na universidade.

O raciocínio de Demóstenes tentar validar a sua atitude preconceituosa, dizendo que a culpa da escravidão é dos negros, enquanto que os homens de cútis branca nenhuma responsabilidade tem nisso e, portanto prevalece à lógica cartesiana que não há motivos para se criarem políticas públicas de reparação social para tirar todo um povo da condição socioeconômica que a história lhes legou.

O partido DEM cujo apelido certeiro de “demo” vai se justificando cada vez mais e, cujo senador tem “demo” até no nome, é de se acreditar que elabora complexas teses para justificar suas atitudes, não importa elas quais sejam. Que sociedade é essa que divide as pessoas entre as que moram nos edifícios de luxo e são na sua maioria brancas, e as que vivem nas favelas em condições sociais sofríveis e são na sua maioria negros, dizendo que estão nesta condição por causa de eventos de cinco séculos atrás e que a culpa vigente não cabe ao estado brasileiro. É absurdo!

Não posso aceitar que após séculos de descaso e degradação do ensino público, o governo instaure de modo populista e irresponsável cotas para ingresso em universidade pública. Os negros como os índios não conseguem cursar uma universidade pública porque não cursaram um ensino fundamental e médio de qualidade oferecida aos pobres, por nenhum governante brasileiro até hoje. Cotas é um tapa buraco muitíssimo perigoso, que desqualifica as universidades públicas. Igualdade de oportunidades deve ser a luta por escolas públicas de excelência, com ensino fundamental e médio de qualidade, não precisamos de uma pátria de bacharéis, mas sim de uma pátria de pensadores.

A sociedade brasileira precisa exigir de nossos governantes um melhor nível de qualidade no ensino fundamental e médio, com melhores professores e bem remunerados, com escolas com infraestrutura de qualidade. Esta é uma luta que se faz necessário um enfrentamento contundente, que não se deixem levar como gado, pela imprensa vendida e imperialista que jorra todos os dias compulsoriamente nas nossas casas e aceitamos como acéfalos. Educação de qualidade e preconceito é uma vitória conquistada, um direito constitucional.

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