sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

UM HOMEM SEM REMORSOS


Tony Blair, ex-primeiro ministro da Inglaterra, “socialista”, católico recém-converso, atual conselheiro de empresas e conferencista de temas vários, fez declarações inquietantes, a uma comissão de inquérito, sobre as suas responsabilidades na Guerra do Iraque. Sem vestígios de arrependimento por envolver o Reino Unido em uma guerra injusta, Blair optou pela arrogância e o desprezo à vida de milhares de vítimas inocentes. Vestido como um cavalheiro inglês e sem sinais de nervosismo, afirmou de forma taxativa que sua decisão de invadir o Iraque, junto com os Estados Unidos, foi correta e a tornaria outra vez.

Blair deveria explicar por que mentiu ao Parlamento? Por que mudaram as informações contidas no relatório de setembro de 2002 de que o Iraque desenvolvia armas de destruição em massa, que nunca foi demonstrado? Por que 40 mil soldados ingleses foram arrastados para um conflito que não contou com o mandato legal da ONU? Blair tem que responder finalmente em Haia, no Tribunal Penal Internacional, por crimes de guerra juntamente com seu parceiro George W. Bush.

Nunca vamos ter uma desculpa “honesta e absolutamente clara” por todos os mortos e feridos, pelas bombas, pelos corpos esquartejados, pelas violações e torturas de Abu Ghraib. Com o medonho desfile de crimes contra a humanidade, pode alguém e, ainda por cima católico, como Blair, manifestar ausência de arrependimento, sendo um dos responsáveis pela carnificina? A inversão de valores parece ter encontrado, no comportamento de muitos políticos, a verdadeira natureza dos seus objetivos, que ainda não há muito tempo, era entendido como desonestidade e vileza. Blair e seus cúmplices são culpados não somente do que aconteceu e ainda acontece de medonho no Iraque, como também pela manipulação emocional e intelectual de milhões de pessoas. As afirmações de arrogância sucedem-se, a soberba das decisões chega a ser afrontosa porque resulta na miséria moral em que o mundo se afunda e ninguém é responsabilizado pelos seus atos, poucos combatem a hegemonia da desigualdade e da injustiça. Entretanto, os assassinos andam por aí.

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